A noite ia alta, mas a lua, na sua fase mais cheia e brilhante fazia que a visibilidade fosse quase perfeita.
João da Silveira, tentava conservar forças para conseguir chegar a casa.
Pelas suas contas já seria uma meia noite e Zumba, o seu burro tinha o paso lento.
A verdade é que ia tão carregado que seria melhor não apressa-lo …
Vida difícil … a sua …
De seu pai tinha herdado um lagar de azeite. Agora era o momento de rentabilizar o trabalho de todo um ano.
Havia recebido azeitona de algumas pessoas. Com o seu trabalho transformou-a em azeite.
Agora tinha que devolver aos seus donos os coiros de pele que tinham deixado juntamente com o cobiçado fruto da oliveira.
No lagar deixara a sua comissão e ali, em cima do seu fiel burro, oito coiros, completamente cheios pesavam uma barbaridade.
Ainda faltavam alguns quilometros para chegar a Alvito. Aí tinha a sua casa e a sua familia. Iria dormir … e no dia seguinte, logo ao nascer do sol, começaria a distribuição.
Seguia a pé, detras do animal que parecia sofrer com o peso …
--- Vamos Zumba … um poco mais, amigo … já descansarás.
De quando em quando o som de um ou outro mocho faziam-lhes companhia.
Agora a coisa estava mais fácil … estavam descendo, já se via a ponte … depois … era sempre a subir …
Antes de tomar a última curva antes da ribeira algo passou voando muito perto da sua cabeça … um morcego … claro … se só voavam de noite …
Zumba seguia como um relogio … o seu passo era autentico compasso de musica …
Foi ao entrar na ponte que o animal começou a dar mostras de nervosismo.
O seu movimento de pernas teve um momento de descoordenação … e, exactamente no meio, um movimento mais desarticulado fez cair toda a carga, ferindo sonoramente aquela noite calida.
--- Zumba! Que aconteceu ?!!! Meu Deus … e agora?
João sabia que sozinho não poderia voltar a carregar Zumba. No lagar foram necesarios tres homens … não sabia que fazer … precisava pensar … encontrar uma maneira …
Juntou as poucas forças que ainda sentia e tentou colocar um dos coiros por cima do burro … ainda conseguiu levanta-lo do chão … mas não tinha a força suficiente. O coiro voltou a cair pesadamente no chão … sorte que não rebentou … aí sim … seria uma ruina …
--- Necesita ajuda?
Aquela voz inesperada fe-lo estremecer … estava alguem aí? Àquela hora?
Olhando mais atentamente na direcção do som viu na outra estremidade da ponte o vulto de um homem.
Com passo tranquilo caminhava na sua direcção.
--- Vejo que precisa ajuda.
--- Olá. Verdade que si. Sozinho no posso voltar a carregar o meu burro.
--- Pois aqui tem uma ajuda, homem … vamos a isso.
Com a força conjunta dos dois homens a tarefa foi coisa para menos de 15 minutos …
João sentia-se muito aliviado. Havia chegado a pensar que aquela noite no dormiria na sua ansiada cama.
--- Amigo, voce caiu do ceu --- ambos sorriam.
--- Pois já está. Já pode seguir o seu caminho.
--- Como posso pagar-le este grande favor?
--- No se preocupe com isso.
Resignado, João estendeu-lhe a mão para despedir-se.
Houve um momento de hesitação da parte do homem … mas acabou por retribuir-lhe apertando a sua mão.
João sentiu que a mão do homem estava gelada … estranhamente fria …
--- Que mão fria tem você, homem … é puro gelo!
--- Claro que sim … estou morto há mais de 20 anos … como quer você que tenha as mãos?
A afirmação caíu como uma bomba …
Que dizia aquele homem? Morto há 20 anos?
Olhou de novo na sua direcção … mas ali no estava niguém … do homem … nem sinal …
Um arrepio percorreu-lhe as costas … voltou a olhar para tras … mas não estava …
Zumba estava carregado … isso queria dizer que no sonhara …
Após alguns minutos depois reiniciou a sua viagem para casa … mas … no podia evitar de, cada 10 minutos, voltar a olhar para tras …
dramatização jorge peres
Esta
lenda é contada pelas pessoas de Alvito da Beira já com alguma
idade.
Recolhi
a informação do blog do Centro de Estudos Ataíde de Oliveira e
deixo-vos o enlace para que lo podais consultar.
blog de jorge peres e CARLOS CAMPOS
blog de jorge peres e CARLOS CAMPOS
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